O que é TP
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O QUE É TRABALHO DE PROJECTO

Elvira LEITE, Manuela MALPIQUE, Milice Ribeiro dos SANTOS, Trabalho de Projecto 1. Aprender por Projectos Centrados em Problemas, Porto; Edições Afrontamento, 1989.

Trabalho de Projecto é uma metodologia assumida em grupo que pressupõe uma grande implicação de todos os participantes. Envolve trabalho de pesquisa no terreno, tempos de planificação e intervenção com a finalidade de responder a problemas encontrados, problemas considerados de interesse pelo grupo e com enfoque social. Envolve ainda uma permanente interacção teoria/prática e considera à partida os recursos e limitações existentes. Trabalhar em Projecto contempla a recolha e tratamento de dados, estudo de propostas de solução e avaliação contínua.

O Trabalho de Projecto é centrado no estudo de problemas mas nem todos os problemas serão melhor abordados através desta metodologia. Caberá ao grupo fazer a selecção. Quanto mais subjectivo, vago, geral for o âmbito do problema, mais difícil e demorada se torna a sua abordagem.

Sugere-se que as questões escolhidas se enquadrem no mesmo campo problemas. A vantagem disso é levar a um trabalho mais rico, mais aprofundado.

Será pois do maior interesse que todos os participantes acordem em estudar o mesmo problema; depois, dentro desse, seleccionarão problemas parcelares que serão estudados em pormenor, de forma a que o conjunto constitua uma caracterização o mais completa possível de toda a temática envolvida. Problemas parcelares cujo tratamento ficará a cargo dos pequenos grupos que entretanto se formarão a partir do grupo inicial.

Há grupos que não sentem qualquer dificuldade no levantamento e seIecção imediata de problemas a abordar e portanto muito cedo começam a planificar seguindo-se o trabalho de campo. Outros grupos há que sentem dificuldade. Neste caso, poderão fazer a priori, em trabalho de campo, uma recolha de problemas, que não só lhes abrirá perspectivas para o arranque do projecto como também lhes poderá criar motivações e fazer antever caminhos.

O problema será formulado, e formular o problema é descrevê-lo, é conhecer o seu enquadramento, as suas características até ao pormenor possível, é saber os limites em que nos podemos mexer.

O grupo inicial poderá ser grande, (20...30 participantes) ou pequeno, (6...1O participantes). Em qualquer dos casos haverá uma divisão em grupos mais pequenos para que cada um se ocupe de um problema parcelar numa forma própria de trabalho, mas que lhe permita uma visão global. Deste modo o campo de problemas será analisado de diferentes ângulos. No desenvolvimento do projecto procurar-se-á o equilíbrio entre espaços e ritmos de acção-reflexão, não só do grupo, como também a nível individual.

O animador (ou animadores) terá de preparar atempadamente a oficina e organizar-se de forma a ficar sempre disponível. Durante a acção será um permanente recurso para o grupo na medida em que terá de propor, de informar pontualmente, animar com intervenções oportunas actuando mais ou menos conforme as solicitações, sempre no sentido de apoiar, de desbloquear tensões e pontos críticos surgidos. O animador fará também a coordenação entre os pequenos grupos para que tenham eles próprios e os participantes uma visão de conjunto sobre a problemática em estudo e para que seja facilitada a comunicação entre todos.

A planificação inicial de cada grupo será uma espécie de guião que encaminhará o trabalho a desenvolver, os papéis a desempenhar, locais a contactar, tempos, momentos e avaliação, etc., e que poderá ser reformulada em qualquer momento, mediante os desvios de percurso. Com esta metodologia pretendem-se atingir finalidades - dar resposta a problemas. Mas os objectivos não serão definidos à partida, mas sim à medida que o projecto se for desenvolvendo. Não pré-existem na planificação.

Dentro do tempo previsto para a concretização da oficina, cada grupo fará a gestão do tempo de que dispõe.

A pesquisa poderá ser feita na sala de trabalho, consultando livros, textos, trocando impressões intergrupos ou com o animador. No entanto é uma das características fundamentais desta metodologia recolher dados em espaços diversificados no meio envolvente. Sair ao encontro de testemunhos, vivências, acontecimentos, realidades, factos, documentos... é uma questão de princípio.

Em trabalho de campo jogar os previstos e os imprevistos será enriquecedor e fará desencadear a criatividade na resposta aos problemas.

O trabalho de campo dá também a dimensão da complexidade do estudo, provocando opções, dada a limitação de tempo.

O espaço na sala convém à reflexão sistematizada, à teorização, à organização dos dados colhidos, à estruturação da produção. É no espaço inicial de trabalho que os grupos se reencontram, quer para trabalharem separadamente, quer em plenário, sozinhos e/ou com o animador.

Esta metodologia tem a preocupação de suscitar momentos de reflexão avaliativa sobre o percurso - organização do saber, dinâmica interactiva interna - e produção.

Para as avaliações prevêem-se fichas de reflexão individual e em grupo, discussões entre os elementos do grupo e com o animador, discussões intergrupos. A avaliação final do Projecto poderá tomar várias formas - verbalização em grupo aberto e/ou individualizada, anónima ou identificada, espontânea ou segundo modelos previamente elaborados.

Estatuto desta metodologia.

Aprender por Projectos Centrados em Problemas desenvolvidos por grupos de alunos apoiados por professores animadores, introduz uma dinâmica nova.

Os educandos são actores na construção do saber. O Trabalho de Projecto desenvolve capacidades pessoais de pesquisa na medida em que incita a observar, a recorrer a técnicas diversificadas - entrevista, questionário, consulta documental - a analisar a realidade de forma interdisciplinar, assim como a antecipar hipóteses interpretativas, desenvolver estratégias, produzir conhecimentos, criar...

O Estudo de Problemas trabalhado com a Metodologia de Projecto tem, conjuntamente com as Investigações Participadas e a Investigação-Acção, contribuído no aprofundar das Investigações Qualitativas nas Ciências da Educação. São novas perspectivas que se abrem aos educadores no sentido de quebrar as barreiras entre teóricos e práticos na acção educativa.

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